Drácula E O Retorno Dos Vampiros.

E os Vampiros voltaram a ficar na moda. Primeiro foi o retorno triunfal de Vampiro: A Máscara em sua 5ª edição pela Modiphius, todo remodelado, com um cenário e uma jogabilidade convidativa, e que chegou ganhando vários prêmios e reconhecimento dos fãs. Depois começaram a ser lançados, ou relançados, mais jogos com temáticas de vampiros, tanto de tabuleiro como RPGs, e agora uma nova série foi lançada na Netflix focando no personagem clássico de Drácula, bem ao estilo Bela Lugosi, mas modernizado e com algumas modificações interessantes. Até quem antes dizia que só jogava D&D se rendeu ao fascínio pelos vampiros e entrou na onda também.

Drácula foi uma bela surpresa pra mim, mesmo com uma parte da crítica torcendo o nariz para seu final. O ator Claes Bang, que interpretou Drácula, conseguiu dar vida ao personagem bem no estilo clássico dos filmes feitos pelo estúdio britânico Hammer Films, que tinha Christopher Lee como interprete do personagem. Lee, mais conhecido pela garotada nos papéis de Saruman, na trilogia Senhor dos Anéis, e Conde Dooku, na trilogia Star Wars, esteve em sete filmes do estúdio no papel de Drácula: Drácula (1958), Dracula: Prince of Darkness (1966), Dracula Has Risen from the Grave (1968), Scars of Dracula (1970), Taste the Blood of Dracula (1970), Dracula AD 1972 (1972) e The Satanic Rites of Dracula (1974). Em vários deles enfrentando seu inimigo mortal Dr. Van Helsing, interpretado brilhantemente pelo ator Peter Cushing. Pra nova geração que não assistiu a esses filmes, e cresceu vendo filmes de vampiros em suas versões modernas, a versão apresentada pode parecer estranha, mas é a mais conhecida da filmografia mundial.

A maneira como foram apresentadas as lendas dos vampiros na série, muitas delas popularizada pelo livro de Bram Stoker, foi muito interessante, assim como a ideia da Fundação Jonathan Harker. Essa, aliás, pode muito bem ser introduzida em qualquer campanha que tenham os vampiros como personagens principais, mesmo em A Máscara. A ideia de uma fundação que sabe da existência dos vampiros, que deseja estudá-los, e em alguns casos até curá-los, pode muito bem ser usado como um plot pra qualquer aventura. Talvez os vampiros que almejam atingir o Golconda sejam seduzidos pelas histórias que ouvem sobre a fundação e entrem em contato com alguns de seus membros, provocando a quebra da Máscara. Ou então a Fundação faz parte de um grupo de pesquisadores de Arquivos Paranormais, da Lampião Studio, que procuram evitar os estragos causados pelos vampiros. Clique AQUI para saber mais sobre este RPG.

O clima claustrofóbico do segundo episódio, quando estavam em um navio em direção a Inglaterra e seus passageiros eram devorados noite após noite pelo Conde, também dá boas ideias para uso em aventuras de RPG. Já pensou em uma aventura usando o premiado RPG de Christopher Kastensmidt, A Bandeira do Elefante e da Arara, onde um navio saindo de Lisboa em direção ao Brasil está com um vampiro em seu porão? Ou quem sabe um navio negreiro saindo de algum ponto da África levando escravos para o Brasil tendo um vampiro Adze no meio deles. Já tive a oportunidade de falar sobre este vampiro em um artigo que descreve alguns vampiros africanos para serem usados em aventuras de ABEA. Clique AQUI para ler o artigo.

Drácula está dentro do esteriótipo clássico do mito do vampiro e portanto ele tem algumas diferenças dos vampiros modernizados pela literatura atual, onde alguns brilham ao sol, outros apenas querem apenas se misturar no meio dos mortais, etc. O suplemento Blood Types, de GURPS, já analisado por mim também (clique AQUI para ser direcionado ao artigo), nos mostra vários tipos de vampiros surgidos mundo a fora pela literatura ou lendas locais. Drácula está inserido na categoria Gótico, página 91 do livro. Entre suas características temos:

• Mordida (sua mordida rouba a vitae de sua vítima);
• Visão Noturna;
• Aumento de Força;
• Domínio Vampírico (a mesma coisa que Dominação);
• Imortalidade;
• Invulnerabilidade;
• Controle de Animais;
• Rouba juventude;
• Controle do Clima;
• Não entra em locais sem ser convidado;
• Repulsa a alho e símbolos sagrados;
• Não cruza água corrente;
• Dependência a sangue;
• Necessita dormir em solo nativo;
• Sem reflexo no espelho;
• Vulnerável a estaca no coração e decapitação;

Mesmo sem ter todas as estatísticas, como custo em pontos, etc, dá pra criar um belo Drácula com essas informações usando seu RPG favorito. Se quiser fazer uma aventura para Savage Worlds já tem até adaptação baseada na HQ “A Tumba de Drácula” lançada nos anos 70 pela Marvel. Clique AQUI para ler o artigo. Já se você curte e conhece Night’s Black Agents, um RPG de caçadores de vampiros que muito influenciou a criação da Segunda Inquisição para V5 (lembrando que o autor de NBA foi colaborar e escreveu várias partes da nova versão de Vampire) tem um artigo mostrando as estatísticas dos personagens clássicos de Drácula para serem usados tanto neste RPG ou se você quiser adaptar para outro. Clique AQUI e leia o artigo.

Uma das coisas legais em Blood Types são as sugestões de aventuras, que podem ser usadas para qualquer RPG. Até mesmo uma guerra entre vampiros diferentes que querem dominar o mundo é sugerida. Diferente de clãs, onde os vampiros são todos iguais, tendo apenas algumas diferenças com relação a seus poderes, aqui vemos raças de vampiros completamente diferentes, baseadas em lendas de várias partes do mundo. Por exemplo os vampiros japoneses Gakis, página 89 do livro, que são descritos como espíritos demoníacos que habitam corpos de humanos mortos, e que entre outros poderes possuem a habilidade de se transformarem em tigres. Ou então as Lilitus, página 97, que teriam surgido na Babilônia e seriam descendentes de Lilith, a primeira mulher de Adão (lembram do Livro de Nod, de Vampiro: A Máscara?). Elas são descritas também como espíritos demoníacos que ocupam os corpos de mulheres mortas, que depois de reanimadas se alimentam através do sexo, roubando a força vital de suas vítimas masculinas. Outro tipo de vampiro mulher seriam as Lamias, mostradas na página 96, na qual existe uma versão brasileira delas, as Jaracacas, já comentadas por mim em outro artigo (clique AQUI para ler). Elas teriam suas origens na Grécia Antiga e seriam servas da deusa Hecate que foram amaldiçoadas pela deusa Hera ao saber que uma delas estava tendo um caso amoroso com seu esposo, Zeus. Na série de TV da Amazon, The Magicians, em sua primeira temporada, podemos ver a personagem Julia interrogando uma Lamia que se esconde nos becos da cidade se passando por mendiga.

Um tipo de vampiro que provavelmente inspirou bastante Bram Stoker a compor seu Drácula foi o Vyrolakos, página 105, um vampiro típico das lendas dos Balcãs. De todos o mais sanguinário e assassino, causando danos nas propriedades que ataca, estupro de mulheres e vandalismo. Ele foi o primeiro vampiro a ser descrito como dependente de dormir em um caixão durante o dia e ser destruído apenas com uma estaca de madeira no coração.

Dentro da categoria de “quase” vampiros temos os indianos Ghuls, página 90, termo inclusive usado em Vampiro: A Máscara para descrever os humanos que servem aos vampiros. Eles são mortais que adquirem poderes de vampiros através de pactos com demônios ou uso de magia negra. Outros fazem uso de canibalismo, comendo os corpos de mortos nos cemitérios, locais onde são mais encontrados. Eles podem andar no sol normalmente e são feridos e mortos como qualquer humano. Já o Dhampir, pagina 92, é o resultado do cruzamento de um vampiro com um mortal, sendo conhecidos também como Mullos entre os ciganos. Eles são meio-vampiros, tendo várias habilidades vampíricas, como poder de mudar de forma, força ampliada, entre outros, mas algumas de suas desvantagens também, como dependência de sangue humano e palidez. Lembram de Blade, O Caçador de Vampiros, interpretado nos cinemas por Wesley Snipes?

Uma campanha de Apocalypse World, RPG recém lançado no mercado brasileiro pela Secular Games,  onde os vampiros são maioria em um mundo destruído pela guerra contra essas criaturas e os humanos precisam se esconder dos vampiros durante a noite, e caça-los durante o dia, parece ser bem promissora. Pegue inspiração nos filmes “Eu Sou a Lenda“, com Will Smith, ou “Guerra Mundial Z“, com Brad Pitt, apenas substituindo os zumbis deste último por vampiros.

Espero que o artigo tenha sido de ajuda para os que gostam de colocar vampiros em suas aventuras ou que estão jogando algum RPG de vampiro. Um “abraço” a todos e protejam seus pescoços, porque os vampiros estão a solta!