Noites De Ódio II (Vampiro: A Máscara 3ª ed.)

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Há 20 anos atrás o mundo era diferente. Muito diferente. Principalmente para os amantes de jogos de RPG. Enquanto lá fora vários títulos estavam sendo lançados e se experimentava o que chamo de “A Era de Ouro do RPG“, aqui no Brasil alguns destes títulos começavam a chegar via Devir, uma editora surgida no final dos anos 80 com a proposta de trazer as grandes novidades dos jogos de interpretações de papéis, como GURPS, Paranóia, Shadowrun e Vampiro: A Máscara. Justamente este último foi o título mais aclamado pelos jogadores brasileiros.

Caitiffis. Primeiros a serem destruídos nas Noites de Ódio.

Caitiffis. Primeiros a serem destruídos nas Noites de Ódio.

Mas nessa época tínhamos que nos virar com a pouca informação que chegava até nós desse mundo punk-gótico repleto de vampiros, e depois de lobisomens, magos, espíritos, etc. Não havia internet na casa de todo mundo para fuçarmos em busca de informações, nem lojas online para comprarmos livros recém lançados, e a Devir era igual a de hoje. Demorava um século para lançar algo novo. Foi quando eu comecei a narrar aventuras na antiga Livraria Capixaba, onde funcionava o Beholder RPG Clube, e tinha uma campanha de GURPS Conan acontecendo por lá. O dono da loja um dia me apresentou o livro de Vampiro: A Máscara e pediu que eu narrasse para os jogadores que iam a loja toda sexta e sábado. Gostei tanto do livro que comecei a narrar uma campanha tendo o cenário base da 1ª edição, que era a cidade de Gary, vizinha a Chicago, como minha primeira experiência. Mas aí veio a vontade de narrar algo maior e próprio, povoando uma cidade com meus próprios personagens, e a proximidade de Gary com Chicago me fez escolher esta cidade como meu novo cenário antes mesmo de chegar por aqui o suplemento Chicago by Night, que eu nem sabia que existia. Surgiu então uma campanha que narrei por três anos consecutivos, começando na Livraria Capixaba e terminando no Metrópolis RPG Clube, onde um grupo de jogadores que estudavam na Universidade Federal do Espirito Santo e jogavam RPG, entre eles eu, criou para jogar aos sábados. A campanha foi chamada de Noites de Ódio e um sem número de jogadores se revezavam todo final de semana para impedir os planos do vampiro Tremere de 8ª geração chamado Savinni.

Entre os vários jogadores que participaram da campanha alguns ficaram na lembrança, como Léo Pinto, Fabrício “Anjinho”, Marcelinho, Fabrício Collares, Luiz Fernando, Luiz Henrique, entre outros. Além disso NPCs como Paul Vincent, Vadir, Anabel, Derek “Shark”, Blood, Johnny Simpson, além do próprio Savinni, caíram nas graças da galera. Tudo em uma época que jogar RPG era comprar APENAS o livro básico, montar sua aventura e jogar com a turma. Uma época antes de ter que comprar milhões de suplementos, saber de todas as regras adicionais e optativas para poder narrar uma aventura de final de semana.

Passados exatos 20 anos do início da campanha alguns jogadores da época que jogaram comigo, e outros que só ouviram falar de Noites de Ódio, pediram a continuação. Aproveitando que no dia 31/10 irá acontecer mais uma edição da Dungeon Capixaba e junto irá ocorrer o New World of Darkness Day, organizado pela galera do blog NWOD Brasil, irei narrar uma aventura de Vampiro: A Máscara contando o que aconteceu passados 20 anos do ocorrido em Chicago durante aquelas três noites (eu sei que Vampiro: A Máscara não pertence ao New World of Darkness, mas é uma desculpa para começar a campanha!). Então aí vai a premissa de Noites de Ódio II.

A HISTÓRIA.

Paul Vincent, príncipe de Chicago.

Paul Vincent, príncipe de Chicago.

Savinni era um Tremere insatisfeito com sua condição vampírica. Ele abominava os vampiros e sua sociedade, apesar de transitar por ela e parecer que a apoiava. Ele soube da existência de um refúgio na Cidade do México onde um provável Matusalém estaria em torpor por lá. Ele manipulou, escondeu, mentiu, destruiu cainitas, para conseguir a informação que precisava, enquanto elaborava seu plano de destruição da sociedade que ele tanto odiava. Ele conseguiu o que desejava e enganou um grupo de jovens vampiros para que acordassem a criatura e fazê-la segui-los até Chicago, onde ela começou uma onda de destruição e ódio ao descobrir que havia mais vampiros do que quando ele se deitou em torpor. Vários membros da cidade foram destruídos, outros desapareceram, outros fugiram. Parecia que todos estavam condenados. Ninguém sabia onde estava Savinni. Até que tudo terminou. Ninguém sabe a história exatamente, mas o que se conta é que Paul Vincent, Ventrue de 7ª geração, que havia substituído o príncipe Lodin temporariamente até que os anciões da cidade escolhessem o novo príncipe, parou a ameaça do Matusalém e destruiu Savinni, trazendo de volta a paz as noites de Chicago. Esse acontecimento terrível ficou conhecido como Noites de Ódio. Foram três noites onde os vampiros de Chicago experimentaram o medo da morte final.

Paul Vincent foi elevado a condição de príncipe, com os Ventrue, Toreadores e Nosferatus dando todo o apoio. Os Tremere caíram em desconfiança e pouco dão pitaco na sociedade vampírica de Chicago nos dias atuais. Os Gangrel abandonaram a cidade, enquanto os Brujah usaram o ocorrido para continuar com seu discurso de rebeldia contra o poder estabelecido. Os Malkavianos… bem, eles são os Malkavianos, né? E a política da cidade pouco importa para eles.

Noseratu

Nosferatu. O clã apoia Vincent e as Noites de Ódio.

Todo ano uma peça é encenada, tendo os Torreadores como mentores do roteiro, usando seus rebanhos como atores, para reproduzir as Noites de Ódio e como Paul Vincent impediu que a sociedade vampírica de Chicago fosse destruída. Passados 20 anos muitos dos novos vampiros que chegaram a cidade, e os novos que foram criados, acham que tudo é mentira. Os Brujah clamam pelas ruas que Paul Vincent mente, e que nenhum Matusalém acordou, e que foram os próprios anciões que saíram pela cidade destruindo os vampiros mais fracos e bebendo seu sangue. Alguns dizem que até mesmo Savinni nunca existiu, e que seu nome é usado apenas para assustar os mais novos. Enquanto a “elite” vampírica passa as três noites que lembram aquele fato com peças de teatro e festejos para exaltar seu príncipe, o salvador da cidade, os vampiros da parte baixa da hierarquia relembram o ocorrido do seu jeito. Durante três noites as leis da Camarilla são esquecidas, e durante três noites, os vampiros mais velhos caçam e destroem Caitiffs, vampiros do sangue-fraco, membros do Sabá, carniçais desgarrados, e antigos desafetos. Eles chamam essas noites de “Noites de Ódio“.

De início os anciões pensaram em proibir e punir os vampiros que participassem desse movimento, mas viram que existem seus benefícios para que fizessem vista grossa, até mesmo quando Justicares visitaram a cidade e exigiram do príncipe providência. Muitos anciões também participam secretamente das noites de ódio, e eles mesmos destroem outros vampiros, criaturas sobrenaturais, carniçais de inimigos, etc. Grupos de neófitos começaram a se organizar em bandos para atacar ancillas durantes essas noites e poderem também se defenderem dos vampiros mais velhos. E assim a tradição se estabeleceu. Durante três noites por ano, na mesma data, as Noites de Ódio tomam conta das ruas de Chicago, com a anuência e a vista grossa de seu príncipe e de seus anciões, que se estão sempre bem protegidos. Vampiros mais fracos fogem da cidade quando vai chegando a data, se escondendo em cidades vizinhas até passar as noites. Grupos de rebeldes promovem badernas pelas ruas, Brujahs articulam planos para ofender e atingir os clãs que eles abominam. E a menção do nome Savinni passou a ser uma “senha” para dizer que vai acontecer uma destruição em algum lugar. Savinni começou a ser visto como um “bicho-papão”, uma figura que realmente nunca existiu, mas que é usado, assim como Caim e sua lenda, para assustar os vampiros mais novos. Outros acreditam que ele realmente tenha existido, que Paul Vincent não o destruiu e talvez seja ele quem começou essa tradição, escondido entre outros vampiros da cidade, sem que saibam quem ele realmente é, e que ele esteja a solta por aí, esperando mais Noites de Ódio para se vingar das criaturas que ele tanto abomina.

As Noites de Ódio estão perto de acontecer novamente. O que você vai fazer? Vai fugir da cidade? Vai se esconder em um novo refúgio? Faz parte da “elite” e está bem protegido? Vai montar seu grupo e sair para caçar? Se prepare, porque ela está chegando…

Antes que eu me esqueça…Savinni.

Aconselho que deem uma lida em dois artigos meus sobre o Mundo das Trevas. “Minha visão sobre Vampiro: A Máscara”, que pode ser lido clicando AQUI, e “Caçando em Vampiro: A Máscara”, que pode ser lido clicando AQUI. Acho que serão de muita ajuda.

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